TCC pode render frutos depois da formatura
Olho em demandas do mercado ajuda no planejamento após êxito na banca
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O TCC (trabalho de conclusão de curso) leva pelo menos um semestre para ser produzido e a apresentação não dura mais do que algumas horas. Em muitos casos, depois da aprovação, o trabalho não tem aproveitamento algum e passa servir apenas para ilustrar currículos e portfólios. Em alguns casos, no entanto, o TCC pode proporcionar ganhos aos alunos que extrapolam o âmbito acadêmico.
Existem até algumas escolas que estimulam estudantes a pensar o TCC como parte da iniciação profissional. "Ele é tão aplicado à prática que no dia da banca são convidadas empresas parceiras para assistir à apresentação. Temos banca acadêmica e banca de mercado, esta última, opina sobre o que achou interessante", conta Ricardo Nakai, professor de marketing da Esamc. Ele acredita que o TCC é uma oportunidade interessante para o aluno conversar com o mercado.
Enfoque semelhante é dado ao TCC do curso de publicidade e propaganda da Universidade Metodista. De acordo com Fernando Ferreira de Almeida, coordenador do curso, o aluno tem de se aproximar ao máximo da situação real de mercado. "O TCC é visto como um instrumento de trabalho. Desde o primeiro semestre os alunos já trabalham o desenvolvimento do TCC em contato com o mercado. Ele tem de apresentar soluções e pensar sempre no retorno do investimento feito pelo cliente", explica Almeida.
Não é apenas para os cursos voltados ao mercado que a possibilidade de desenvolver um TCC com aplicação prática existe. De acordo com Denizar Melo, coordenador do curso de fisioterapia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), por exemplo, é comum o trabalho final servir como ponte para o mestrado. "O que se quer com o TCC, que é um trabalho que desperta no aluno o espírito empreendedor e cientifico, é que ele seja um grande laboratório, propicie vivência prática e possa resultar numa (proposta a ser apresentada num curso) stricto sensu", afirma Melo.
Além disso, Melo afirma que há casos em que o aluno desenvolve novas técnicas ou equipamentos que são de interesse do mercado. O desencadeamento do trabalho de conclusão dependeria da intenção do aluno. "Para alguns é mais natural atuar no mercado. Já outros têm viés mais acadêmico. O que a gente procura é potencializar essas vocações", explica Melo. Segundo Almeida, um dos requisitos para que o TCC obtenha sucesso comercial é o embasamento teórico. "O trabalho serve para consolidar o conhecimento e confrontar teoria e prática. É importante ter base e conteúdo", acrescenta.
Direcionado ao mercado
O coordenador do curso de fisioterapia da PUCRS defende a idéia de que para aproveitar o TCC depois da formatura, o aluno precisa estar atento às necessidades de mercado. "Ele tem de ter um bom problema para resolver. E, a partir dele, montar um bom projeto para organizar esquematicamente a solução", recomenda Melo. No entanto, ele sugere que o aluno direcione essa busca para a área do conhecimento da qual ele mais se aproxima.
A exploração de nichos de mercado ainda carentes de soluções também é recomendada pelo professor de marketing da Esamc. Segundo Nakai, o ideal é procurar empresas dispostas a comprar capital intelectual para os problemas que enfrenta. Já Almeida defende que a única forma de conseguir desenvolver o trabalho de acordo com as demandas de mercado é estar atento às tendências e oportunidades à época da escolha do tema. "A dica é estudar sempre, acompanhar a evolução tecnológica do mercado. Seja para monografia ou para desenvolver campanhas e produtos", acredita ele.
Marcelo Veras, vice-presidente acadêmico da Esamc, concorda com Almeida e reforça o coro na defesa da tese de que o estudante precisa enxergar o mercado. "Tem de estar atento com o que o mercado precisa. Não pode pegar um tema só para cumprir tabela. Tem de ser um projeto para colocar embaixo do braço e levar na entrevista de emprego", declara Veras. Nesse sentido, Nakai acrescenta ainda que o aluno tem a vantagem de ter à disposição durante a execução do TCC, além de toda a infraestrutura da instituição, o conhecimento dos professores. "O aluno nem sempre tem capacidade para desenvolver a solução, mas pode utilizar os recursos da universidade e o conhecimento e experiência dos professores para desenvolver um produto seu", explica Nakai. "O professor é um profissional, que conhece a linguagem própria do mercado", completa ele.
No caso do grupo do então estudante Dani Schweller, formado em propaganda e marketing pela Esamc em julho de 2009, foi um das professoras quem viabilizou o contato com a empresa da qual ele era gerente de marketing. "Os professores têm necessidades reais que podem ser aproveitadas pelos alunos", resume Schweller. No curso de fisioterapia da PUCRS, as pesquisas dos alunos são atreladas às linhas de pesquisa dos professores. "Os alunos desenvolvem parte da pesquisa dos professores. Às vezes, os professores reúnem grupos de alunos e cada um faz um capitulo de um livro, que pode ser publicado", explica Melo. Por isso, ele recomenda para aqueles que têm interesse em levar o TCC ao mercado, que procurem professores e orientadores interessados em atuar na mesma linha. A própria universidade pode direcionar o desenvolvimento de trabalhos mais atraentes aos olhos do mercado. "Todo ano exploramos um segmento para ser trabalhado pelos alunos. Depende do que está em alta no mercado", diz Almeida.
Oportunidade de padronização
Formado em agosto de 2007 pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), o fisioterapeuta Régis Mestriner atualmente aguarda a concretização do processo de transferência tecnológica da patente depositada a partir de seu TCC. No projeto que fez em parceria com Rafael Oliveira Fernandes, ele desenvolveu um sistema de fisioterapia respiratória que, apesar de mais barato que os similares, estava esquecido devido à falta de padronização. "O sistema já existia desde a década de 30, mas não tinha como ser executado com segurança", resume Mestriner.
Trata-se de um equipamento, denominado coluna d'água, para reabilitação pulmonar em que o paciente assopra ar para o interior de um recipiente por meio de um canudo. O fisioterapeuta pode regular a pressão interna e com isso exigir mais ou menos pressão por parte do paciente. O problema que prejudicava o uso desse método dizia respeito à resistência promovida pelo canudo à passagem do ar. Impossível de ser controlada pelo fisioterapeuta, comprometia o tratamento. "Embora seja um sistema alternativo a outros bem mais caros que existem no mercado, há muita resistência dos profissionais em utilizar, justamente pela falta de padronização", lamenta Mestriner.
Os alunos tomaram conhecimento desse sistema numa aula do sexto semestre de Fisioterapia, quando o professor - que se tornou orientador do trabalho - propôs aos alunos que avaliassem o desempenho de diferentes tipos de material para execução dos procedimentos. Mestriner e Fernandes se interessaram e procuraram o hospital São Lucas, da própria PUCRS, onde conseguiram montar o sistema experimental e levantar os dados necessários para desenvolvimento do projeto. "A idéia inicial era padronizar o processo para usar no próprio São Lucas. O TCC nos deu a oportunidade de experimentar as idéias que surgiam. De algo que não esperávamos, conseguimos publicar até artigo", comemora Mestriner.
Depois da apresentação do TCC, em agosto de 2007, a dupla continuou com o desenvolvimento do sistema visando o departamento de registro de patentes da PUC. Atualmente, a universidade, que depositou o registro, negocia a comercialização do sistema com empresas da área de saúde. Os trâmites estão sendo resolvidos pela universidade, que é quem levará, caso o processo seja bem sucedido, a maior parte dos lucros. Ainda assim, Mestriner e seu parceiro de TCC também terão retorno sobre o trabalho. "Estamos bem esperançosos de que aconteça. Toda a parte experimental foi feita durante o TCC. A única coisa feita depois foi o artigo", conta Mestriner sobre o material publicado na revista científica da área de fisiologia respiratória Respiratory Care.
Opção pelo desafio
A possibilidade de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos ao longo do curso foi o que levou o grupo de TCC de Dani Schweller a optar pela Topz, empresa do grupo farmacêutico EMS, para a criação de uma campanha de reposicionamento de marca. De acordo com ele, duas das seis pessoas que compunham o grupo trabalhavam na EMS, além de a professora Vania Bitencour Serrasqueiro ser gerente de marketing da empresa, o que facilitou o acesso à companhia. Além disso, era o único cliente prospectado que apresentava um desafio real. "Tivemos algumas opções de clientes, mas esse era o que proporcionava o desafio mais real. Tinha uma verba reduzida, mas era uma verba real. E queríamos trabalhar com isso", declara Schweller.
Ele explica que a presença da professora na posição de gerente da empresa foi importante para estreitar o relacionamento entre cliente e alunos e pautou o grupo com relação às necessidades da EMS. "Ela acompanhou todo o desenvolvimento do trabalho. Por ela ser professora, sabia da seriedade do projeto e, por conhecer o grupo, pôde confiar na hora de passar os dados da empresa", afirma. Dessa maneira, o grupo de Schweller procurou atender à necessidade da empresa de acelerar o retorno da linha de protetores solares Topz. Para tanto, o grupo realizou análises de mercado e desenvolveu peças de criação para apresentar ao cliente. "Propusemos a reformulação de embalagens, a criação da marca Sunny para diferenciar da linha Topz, criamos programas de metas e incentivos para a equipe e criamos programas de incentivo para os clientes", explica ele.
Como resultado, além de amigos e familiares, a diretoria da Topz esteve presente à apresentação. Atualmente, a marca Sunny está em processo de registro e a empresa está analisando formas de adotar outras das propostas do TCC. Além de Dani Schweller, o grupo de TCC era composto por Talles Ramalho, André Froner Hortense, Fernanda Ponzeto, Flávia Von e André Krajewski.
FONTE: UNIVERSIA BRASIL
COMENTÁRIOS DO BLOG:
Interessante o novo conceito da Monografia de final de curso (TCC) adotado nas Universidades no sentido de proporcionar ao aluno, o desenvolvimento de projetos ou textos científicos, direcionando o estudo em questão para o mercado de trabalho.
O Direto tem que se adequar a nova realidade. O TCC poderia valer como requisito para obtenção de títulos em concursos públicos, seleção em cursos de mestrado e doutorado e recursos humanos para ingresso no mercado de trabalho. O Brasil precisa formar novos cientistas.
Temos que incentivar as Universidades a promover o trabalho cientifico dos TCC´s, apresentados pelos alunos. Muitos trabalhos ficam arquivados nos porões das Universidades, sem finalidade específica.
Na mesma linha do artigo de minha autoria, sobre a Revista Jurídica em Nova Friburgo, urge ressaltar a importância da realização de projeto no intuito de publicação de revista acadêmica com os melhores TCC´s produzidos nas faculdades de Direito, com escopo de captar financiamento para custear projetos das Universidades e aquisição de livros para equipar as bibliotecas dos cursos em prol sociedade e da Ciência Jurídica.
Universidade é ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO!!!