COM RECEIO DO DESEMPREGO FACULDADES DE DIREITO TENTAM CONTER EVASÃO DE ALUNOS QUE MIGRAM CADA VEZ MAIS PARA OS CURSOS TÉCNICOS


 

Por Filipe Schitino

 

Sonho de todo jovem e de sua família o ingresso na faculdade está cada vez mais perdendo força para os cursos técnicos no Brasil. Sinônimo de empregabilidade e de status. Os jovens temem o desemprego em que pese todo tempo, investimento e dedicação de 5 anos para se formar. O mercado de trabalho não consegue absorver toda a demanda de novos profissionais no mercado disputando carreiras defasadas como é o caso da advocacia atual. Segundo especialistas o Brasil forma 10 bacharéis em Direito por hora, 243 por dia, 88.695 por ano e esse processo tem um impacto significativo com a impiedosa e cruel lei da oferta e demanda, punindo todo esse esforço de quem se forma com salários baixíssimos, desvalorização da advocacia fazendo com que o mais vocacionado desista da profissão e siga outros caminhos.

 

Essa precarização do ensino e a falta de perspectivas de uma reforma com seriedade nos cursos de Direito que possa valorizar a nossa profissão já atinge em cheio as instituições de ensino superior. Algumas faculdades estão com dificuldades para manter suas portas abertas e atrair novos estudantes. A taxa de escolarização de jovens entre 18 à 24 anos no ensino superior está em 17,7%. Bem distante de atingir a meta de 33% de alunos brasileiros matriculados em curso superior até 2024 estabelecida pelo Plano Nacional de Educação (PNE).

 

Mesmo com a rede privada de ensino superior respondendo por 87,8% de alunos matriculados no país. Instituições de ensino pressionam o governo para implementar políticas de acesso ao ensino superior e a ampliação do Prouni. O desespero já está batendo a porta. Algumas universidades já ingressaram com pedidos de recuperação judicial. Esse processo de decadência do curso de Direito tem dois culpados. A OAB que insiste numa narrativa ultrapassada de que o Exame de Ordem é a salvação para todos os problemas empurrando goela abaixo um currículo acadêmico defasado e fora da realidade do mercado de trabalho que não tem disciplinas auxiliares como empreendedorismo, inovação e planejamento de carreira e que tampouco não incentiva a prática disruptiva e tecnológica nas faculdades.

 

O curso de Direito precisa ser reformulado, criando carreiras auxiliares a atividade principal do advogado como a de paralegal, gestor jurídico, segmentando a advocacia como acontece na engenharia e medicina. Cada profissional trabalhará os ramos de forma especializada. Se isso não acontecer as faculdades continuarão perdendo alunos pois eles já estão se conscientizando que se não passar no concurso, ficarão desempregados. O jovem quer cursos técnicos, trabalhar e ganhar dinheiro. Não quer ficar 5 anos na faculdade para ganhar um diploma de desempregado.